Archive for the 'cibercultura' Category

Pequenos clássicos capixabas

Tendo em vista a dinâmica contemporânea do ato do registro frenético de nosso cotidiano para posterior divulgação em canais midiáticos e de relacionamento, como o Orkut, fotologs e blogs, encontrei posts capixabas que já são hits no YouTube.

O primeiro é o curtíssimo “Pilota de Fulga”.  O vídeo mostra a derrocada da menina Klarice ao tirar onda com a sua motocicleta, acelerando-a até uma esquina e, em seguida, caindo ao bater num carro por conta de sua desatenção. Distração essa causada por conta de uma breve pose para a máquina que registrava toda a cena.

O acidente de Klarice já foi repostado por vários avatares e visto pelo menos umas 160.0000 vezes. Um verdadeiro hit by Cocal, bairro do município de Vila Velha, no Espírito Santo.

A segunda sessão da busca pela audiência alheia para a própria novela da vida privada é o nascimento da menina Elis, cujo pai disponibilizou 1min49seg de seu nascimento em rede mundial. O post já alcançou as 66.059 exibições desde o dia 5 de agosto deste ano até agora.

O mal da pós-modernidade

Os seus 15 minutos de fama podem estar a uma tecla do celular ou no upload de um vídeo caseiro qualquer no YouTube.

Por Luiz Eduardo Nevesdudunews@hotmail.com

multidao21

Mundo moderno, gente moderna, lógica moderna. Na verdade, o termo para adjetivar os sujeitos da frase anterior deve ser pós-moderno. Ou seja, tudo aquilo que perpassa por esses tempos atuais – uma era mais voltada para o cognitivo e menos para o repetitivo.

Um dos marcos para tal mudança está na segunda metade dos anos 70, quando a televisão deixa de ser um suporte com sua única função: ser assistida. Os avanços da tecnologia, que introduziram as transmissões via satélite, a padronização do sistema VHS e os serviços de cabo bidirecionais, permitiram o início da interatividade.

O indivíduo pós-industrial continua individualista, porém, como a geração anterior, os personagens do novo milênio ainda vivem num habitat feito para a massa. No entanto, o sujeito tenta dar o seu último suspiro.

As engrenagens de um tempo em que o trabalhador termina o dia com a alma cansada e com o corpo mole, pronto para ligar a TV e se deixar levar, também abrem espaço para outra opção: o computador – aparelho ainda não acessível a maioria, porém mais atrativo por combinar, além do audiovisual, a possibilidade de interação. E interação hoje é fazer parte do processo de construção da informação, é fazer parte da mídia, é aparecer.

bruceleecellphoneO desenvolvimento de aparelhos eletrônicos e, até mesmo, a hibridização de funções em um só objeto – cite-se o celular com suas multifacetas (telefone, câmera filmadora, câmera fotográfica, MP3 player, rádio e etc) – ampliam e democratizam o poder de captura de momentos do real para o virtual, mesmo para aqueles sem nenhuma habilidade como fotógrafo ou cinegrafista.

As pessoas não querem apenas falar daquilo que, há uns 10 anos, não tinham chance de fazer – opinar sobre alguma notícia no jornal, por exemplo, ou contribuir com o conteúdo de tal mídia. O ser contemporâneo precisa ser a manchete, a capa da revista, o astro da novela. Todos querem ter os seus 15 minutos de fama.

Entretanto, é realmente difícil fazer de conta que não acontece nada e viver a vida achando estar fora do processo de espetacularização do cotidiano. Preste atenção no conteúdo dos noticiários. A máquina que pauta o nosso dia-a-dia funciona com o seu combustível, o sensacional e o trágico. E quanto mais melhor. Alguém assassinado por apenas um tiro não é notícia. Sem contar os escândalos da semana. Alguém ouviu falar do caso da menina Isabela nas últimas semanas?

O mal desses dias pós-modernos pode ser a busca pela fama a qualquer custo, de forma vazia, sem motivo ou arte alguma, através dos Big Brothers e Ídolos, que enchem os olhos de milhões de pessoas sedentas por um pedaço da vida alheia.

Porém, ao desenvolver a habilidade com as tecnologias da comunicação, como a gravação de vídeos digitais e a postagem de artigos em blogs, o “homem outdoor” vai em busca da sua visibilidade.

É um grito contra o monopólio e a centralização da produção da informação. Deixamos de ser apenas receptores para subir ao posto de produtores.

matrixuruburei1No entanto, essa liberdade de publicações que a internet oferece, acarreta no problema da veracidade, da garantia quanto a qualidade da informação. A cada minuto, novas pessoas assinam a internet, novos computadores se interconectam, novas informações são injetadas na rede. Quanto mais o ciberespaço se estende, mais universal se torna. Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática.

Tais experimentações, no campo dos veículos de comunicação tradicionais, como o rádio e a televisão, estão aquém das possibilidades de interface e funções proporcionadas pelo computador. Por outro lado, os PCs ainda precisam de desenvolvimento tecnológico, pois há limitação no que diz respeito à flexibilidade oferecida pelo controle remoto da TV, por exemplo.

As divergências da tecnologia da informação se expandem ao campo humano. Em meio a passagem de tempo entre o analógico e o digital, o usuário contemporâneo convive com o dilema de manter-se ou não integrado a uma cultura de massa limitada, estagnado na tradicional recepção passiva.

Eu sou a informação.

quebracabeca2.jpg

Um artigo sobre a cibercultura – um mundo cheio de incertezas e peças ainda fora do lugar.

Por: Luiz Eduardo Neves

A modernidade

O grande boom da pós-modernidade está ligado diretamente ao advento do computador. Mas essa analise não pode ficar centrada na máquina, e sim na transformação cultural que ela determina.

No início a comunicação do homem era por meio da oralidade – sem pouca abrangência, a história era passada de geração em geração sem registro algum. A escrita já possibilitou o desenvolvimento deu inicio ao saber de massa com os livros e mais a frente com o jornal impresso, aumentando a abrangência da informação. Com o computador surgiu a possibilidade bem maior possibilitar o acesso a uma informação, criando a chamada rede digital global, que viabiliza a integração mundial por meio da informação. Continue lendo ‘Eu sou a informação.’

Off Topic: Prova

A INTERNET como mídia de multidão e controle da vida
  Por Geize Miranda

Quando pensamos em multidão, logo vem à mente a idéia de um aglomerado de pessoas, simplesmente. Porém, Antônio Negri define MULTIDÃO como

“mais do que uma soma de cooperantes. É um conjunto de singuladaridades cooperantes que se apresentam como uma rede, uma network, um conjunto que define as singularidades em suas relações umas com as outras”.

Somos sujeitos com singularidade, ou seja, produzimos diferença. Se fôssemos apenas indivíduos, produziríamos apenas repetições do mundo. Enquanto indivíduos construímos relações com outros indivíduos.

Na internet não existe um ponto central que emite a informação e sim existe uma “multidão” promovendo trocas de informações.

Portanto, a internet também é uma mídia de multidão. Ela permite a relação de indivíduos através das comunidades virtuais. Porém, diferentemente dos meios de comunicação de massa, a internet permite que o indivíduo determine o seu existir e o não-existir.

Pierre Levy explica isso em Cibercultura:

“O ciberespaço como prática de comunicação interativa, recíproca, comunitária e intercomunitária, o ciberespaço como horizonte de mundo virtual vivo, heterogêneo e intotalizável no qual cada ser humano pode participar e contribuir”

“Uma comunidade virtual é construída sobre as afinidades de interesses, de conhecimento, sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais”.

As tecnologias de última geração facilitam a ação de comunicação e a troca de informações com velocidades e qualidades cada vez melhores.  Na base da pirâmide econômica e social, em larga escala, estão as populações que vivem à margem deste progresso. Para este grande público, o acesso à informação e à comunicação se dá, na maioria das vezes, por intermédio dos meios de comunicação em massa (ex: televisão e rádio).

A grande maioria da população não tem condições de contratar um serviço de tv por assinatura para se livrar da péssima qualidade dos programas que passam na tv convencional, por exemplo. É sabido que existem milhares de pessoas que valorizam a popularidade destes programas ao proporcionar índices de audiência elevados. Neste caso, o aspecto que influencia é meramente cultural ou educacional.

A internet veio para destruir a sociedade de massa.

A internet não afeta o espaço público, uma vez que o indivíduo é quem busca a informação. O que um indivíduo acessar não será transmitido automaticamente a todos os usuários, mas somente aos que desejarem obter as mesmas informações.

A Internet também é uma mídia de controle porque há mecanismo de controle que condificam os lugares por onde o internauta navegou como o protocolo TCP/IP. Ou até mesmo programas que controlam e podem bloquear no seu computador certas páginas da web.

Para Sandra Rodrigues Braga e Vânia Rubia Farias Vlach, professiras de Geogafia, “o biopoder, utilizando pseudo-argumentos biológicos, escolhe a quem deixar morrer. Para essa escolha, a partir do último quartel do século passado, passa-se a dispor de instrumentos altamente sofisticados, baseados em uma linguagem digital comum, por intermédio da qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, processada e transmitida.”

O biopoder como a biopotência passam necessariamente, e hoje mais do que nunca, pelo corpo. O poder já não se exerce desde fora, nem de cima, mas como que por dentro, pilotando nossa vitalidade social de cabo a rabo. Não estamos mais às voltas com um poder transcendente, ou mesmo repressivo, trata-se de um poder imanente, produtivo. Como o mostrou Foucault, um tal biopoder não visa barrar a vida, mas tende a encarregar-se dela, intensificá-la, otimizá-la.


Arquivos

a