Os seus 15 minutos de fama podem estar a uma tecla do celular ou no upload de um vídeo caseiro qualquer no YouTube.
Por Luiz Eduardo Neves – dudunews@hotmail.com
Mundo moderno, gente moderna, lógica moderna. Na verdade, o termo para adjetivar os sujeitos da frase anterior deve ser pós-moderno. Ou seja, tudo aquilo que perpassa por esses tempos atuais – uma era mais voltada para o cognitivo e menos para o repetitivo.
Um dos marcos para tal mudança está na segunda metade dos anos 70, quando a televisão deixa de ser um suporte com sua única função: ser assistida. Os avanços da tecnologia, que introduziram as transmissões via satélite, a padronização do sistema VHS e os serviços de cabo bidirecionais, permitiram o início da interatividade.
O indivíduo pós-industrial continua individualista, porém, como a geração anterior, os personagens do novo milênio ainda vivem num habitat feito para a massa. No entanto, o sujeito tenta dar o seu último suspiro.
As engrenagens de um tempo em que o trabalhador termina o dia com a alma cansada e com o corpo mole, pronto para ligar a TV e se deixar levar, também abrem espaço para outra opção: o computador – aparelho ainda não acessível a maioria, porém mais atrativo por combinar, além do audiovisual, a possibilidade de interação. E interação hoje é fazer parte do processo de construção da informação, é fazer parte da mídia, é aparecer.
O desenvolvimento de aparelhos eletrônicos e, até mesmo, a hibridização de funções em um só objeto – cite-se o celular com suas multifacetas (telefone, câmera filmadora, câmera fotográfica, MP3 player, rádio e etc) – ampliam e democratizam o poder de captura de momentos do real para o virtual, mesmo para aqueles sem nenhuma habilidade como fotógrafo ou cinegrafista.
As pessoas não querem apenas falar daquilo que, há uns 10 anos, não tinham chance de fazer – opinar sobre alguma notícia no jornal, por exemplo, ou contribuir com o conteúdo de tal mídia. O ser contemporâneo precisa ser a manchete, a capa da revista, o astro da novela. Todos querem ter os seus 15 minutos de fama.
Entretanto, é realmente difícil fazer de conta que não acontece nada e viver a vida achando estar fora do processo de espetacularização do cotidiano. Preste atenção no conteúdo dos noticiários. A máquina que pauta o nosso dia-a-dia funciona com o seu combustível, o sensacional e o trágico. E quanto mais melhor. Alguém assassinado por apenas um tiro não é notícia. Sem contar os escândalos da semana. Alguém ouviu falar do caso da menina Isabela nas últimas semanas?
O mal desses dias pós-modernos pode ser a busca pela fama a qualquer custo, de forma vazia, sem motivo ou arte alguma, através dos Big Brothers e Ídolos, que enchem os olhos de milhões de pessoas sedentas por um pedaço da vida alheia.
Porém, ao desenvolver a habilidade com as tecnologias da comunicação, como a gravação de vídeos digitais e a postagem de artigos em blogs, o “homem outdoor” vai em busca da sua visibilidade.
É um grito contra o monopólio e a centralização da produção da informação. Deixamos de ser apenas receptores para subir ao posto de produtores.
No entanto, essa liberdade de publicações que a internet oferece, acarreta no problema da veracidade, da garantia quanto a qualidade da informação. A cada minuto, novas pessoas assinam a internet, novos computadores se interconectam, novas informações são injetadas na rede. Quanto mais o ciberespaço se estende, mais universal se torna. Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática.
Tais experimentações, no campo dos veículos de comunicação tradicionais, como o rádio e a televisão, estão aquém das possibilidades de interface e funções proporcionadas pelo computador. Por outro lado, os PCs ainda precisam de desenvolvimento tecnológico, pois há limitação no que diz respeito à flexibilidade oferecida pelo controle remoto da TV, por exemplo.
As divergências da tecnologia da informação se expandem ao campo humano. Em meio a passagem de tempo entre o analógico e o digital, o usuário contemporâneo convive com o dilema de manter-se ou não integrado a uma cultura de massa limitada, estagnado na tradicional recepção passiva.